Infância...
Uma das coisas boas de se lembrar é a infância. E essa passa muitas vezes despercebida (se bem que comigo foi diferente!) ainda assim sempre há uma maneira de se resgatar essa época tão feliz...
... Estava eu descendo para pegar o metro, caminhando com meus pensamentos, quando me chamou a atenção um senhor levando aos ombros dois pedaços de cana... Ops!!! Não deu outra, no mesmo instante me veio à mente minha infância...
Na casa da Vovó Tereza e do Vovô João, onde fui criada, tinha um pomar enorme, onde entre tantas outras frutas, havia um canavial. Meu Vovô tinha mãos boas para o plantio, podia plantar até pau seco que vingava (parece que mamãe herdou esse dom), então como o canavial era farto, tendo cana pra dar e vender, Vovó com seu coração bom que só vendo, dava grande parte dessas canas para um senhor que as usava na produção de garapa.
Lembro-me da 1ª vez em que provei da garapa que aquele senhor fazia. Vovó, vez e outra nos levava, minha irmã e eu as compras, e nesse dia, em que o sol estava abrasador,(propício a um refresco!), Vovó então nos levou a um açougue um pouco mais distante de casa e para nossa surpresa, próximo ao “Senhor Garapeiro”, ele então se aproximou e educadamente nos convidou para saborear seu delicioso “caldo de cana” , que até então era desconhecido para mim... Aquele bondoso homem, nos ofereceu a garapa com gosto e disse que podíamos retornar quando quiséssemos, acho que para ele era uma forma que encontrara de agradecer a meus avós.
Se eu gostei do suco amarelado, geladinho, adocicado com gostinho de quero mais?! Owa... minha irmã e eu não faltávamos mais às compras, principalmente as do açougue!!!
Bom, como tudo um dia cedo ou tarde se esvaece com o tempo; após tantas idas no garapeiro, não vi nem a ele e nem a seu refresco, o canavial dos meus avós também se foi... do pomar hoje ainda restam algumas frutas que as mãos de Vovô plantou.
A saudade e as lembranças volta e meia pairam no ar , às vezes disfarçadas, pode ser de alguém carregando cana sobre os ombros, do cheirinho que exala a dama da noite ou a brisa da manhã, do gosto que o café com leite tem na manhã chuvosa, mas essas já são outras histórias...
E já que estou falando da puerícia, deixo uma velha canção, pois na década de 80, que criança não deixava o que estava fazendo para correr para frente da Tv e cantar junto, ao começar o comercial da Faber Castell e ao terminar pedia bis???
Toquinho - Aquarela
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo